Obrigado, como toda a imprensa mundial, a dar grande destaque às mais recentes revelações da Wikileaks, o «Público», em editorial, faz um esforço para compôr ou ajeitar o ramalhete. Com uma perspicácia digna de nota, aquele texto levanta a magna questão de que «a assimetria por detrás destas fugas não pode ser ignorada. Ficámos a conhecer os segredos dos EUA, mas será a Wikileaks capaz de nos revelar os segredos do Irão, da China ou de qualquer outro país ?». E como se isto já não bastasse conclui ainda :« Estará Julian Assange interessado em furar os segredos diplomáticos de Teerão, Pequim ou Berlim, ou será Washington o único alvo do australiano ? Neste caso, a transparência está a ser filtrada por uma intenção».
Perante esta prosa e estas preocupações do editorial do «Público», o que mais dá vontade é de perguntar se, por sistema, em matéria de divulgação de broncas, esquemas ou escândalos, o «Público» sempre faz esta exigência de diversificação de alvos. Por mim, não creio.
Depois, não estando dentro da cabeça do sr. Assange, há uma coisa que eu sei e que talvez possa ajudar o «Público»: é que, no mundo de hoje, e questões ecionómicas não mudam isso, só há uma super-potência e chama-se Estados Unidos da América, por sinal, o único país que está presente militarmente em quase todo o mundo e que mantém a ocupação de dois países estrangeiros, coisa que manifestamente não acontece com a China, como o Irão ou com a Alemanha.
Assange tem uma «intenção» ? É bem provável. E depois ? Também este editorial do «Público» a tem, ou não ?