No «vias de facto», o conhecido tetraneto de Bakunine e grande “libertário” Miguel Serras Pereira, por cima das fotos dos actuais candidatos à Presidência da República, acaba de publicar este crucial e dramático desabafo: «A votar em gajos assim, é que não me apanham a mim».
É claro, prezados leitores, que não está em causa o sagrado direito de cada cidadão fazer o que quiser c om o seu voto. Mas também existe o direito de cada um de nós reparar no significado que esta atitude de Miguel Serras Pereira encerra sobretudo tratando-se uma pessoa que escreve que se desunha para demonstrar que não se está nas tintas para o curso da vida nacional.
Também é claro que eu calculo que esta declaração de abstenção não encaixe mal em alguém que certamente acha dispensável haver um Presidente da República e que pensa que tudo se resolveria com umas assembleias de condóminos, perdão, de moradores de bairro em sistema de «autogoverno».
Mas nem mesmo uma pessoa assim devia ser insensível ao facto de que a sua abstenção, ou melhor dizendo o facto de não se dispor a votar nem em Francisco Lopes, nem em Manuel Alegre, nem em Defensor Moura nem no castiço da Madeira significa menos 0,00001% em qualquer destes candidatos e logo mais 0,00001% em Cavaco Silva.
Ainda por cima, ao escrever um «post» apenas com aquele título e com as fotos dos candidatos, até parece que o “libertário” queria antes outras carinhas.
E aí, feminista convicto que sou, eu já o podia compreender. Se, consoante gostos e encantos, Miguel Serras Pereira nos viesse dizer que queria antes uma lista de candidatas composta pela Leonor Beleza (do PSD), pela Teresa Caeiro (do CDS), pela Rita Rato (do PCP), pela Joana Amaral Dias (do BE) e pela Marta Rebelo (do PS) eu até lhe perdoaria.
Mas assim não e, no futuro, quando ler um «post» cheio de ideologia e filosofia do Miguel Serras Pereira, vou sempre lembrar-me deste «A votar em gajos assim, é que não me apanham a mim».