20 de junho de 2013

Explicação caridosa a um totó chamado João Miguel Tavares

Hoje, na última página do Público, o único clown político contratado para aquele espaço, de seu nome João Miguel Tavares, escandaliza-se por, numa sua fulgurante descoberta, ter encontrado na Net um texto da FENPROF que salienta que «o governo português aposta numa política  de onde se destacam a redução do défice público, a privatização de serviços, uma forte ofensiva contra os direitos dos trabalhadores e a perversão dos próprios serviços públicos com a introdução de modelos ditos de gestão empresarial, bem como de lógicas de mercado que conduxiriam, a concretizar-se, à subversão do modelo constitucional e ao completo esvaziamento das funções sociais do Estado».

Depois de preparado o suspense, ele explica então aos leitores que este texto não de ontem ou anteontem mas sim de 2003 e mais à frente levanta uma extraordinária pergunta : «se o mundo é hoje radicalmente diferente, como é possível que as palavras de 2013 sejam iguais às de 2003?»

A esta pergunta só me possível responder opinando que João Miguel Tavares deve julgar que o mundo começou com a sua chegada à adolescência e que isso o impede de perceber que a política de direita e os seus objectivios fundamentais tem muito mais que 30 anos em Portugal  e que não se pode pedir às palavras que tenham a mesma elasticidade quanto a ritmos e graus que ao longo do tempo têm marcado essa política. A não ser que J.M. Tavares ache que era dever dos opositores da política de direita em 2003, de cada vez que a criticassem, logo acrescentassem que «quem sabe se em 2013 não será ainda muito pior».

O pobre do João Miguel Tavares mostra ainda a sua admiração por em 2003 já se usar em Portugal o adjectivo «neoliberal». 

E só há uma explicação para esta boca alarvemente aberta: é que J.M. T. soube usar a NET para encontrar um texto com 10 anos mas já não soube usar o Google para procurar o «neoliberalismo». Se otivesse feito, teria descoberto qualquer coisa a ver com o neoliberalismo na segunda metade da década de 70 no Chile de Pinochet, teria dado de caras com Milton Freedman e os «Chicago Boys» e teria revisitado as políticas de Thatcher e Reagan.

Mas a ignorância atrevida e o reaccionarismo furtaram-no a esses esclarecedores encontros, pelo que daquele teclado só podia sair, como saiu, dislate após dislate.