Com aquela empáfia que faz parte do seu código genético (embora os seus respeitáveis pais estejam absolutamente inocentes), Vasco Pulido Valente termina hoje no "Público" a sua crónica sentenciando, como sempre sem apelo nem agravo, que «a greve geral não passa de uma homenagem obsoleta a uma tradição morta». Confesso a minha poderosa e devastadora desilusão. É que eu estava à espera que quem está sempre a conduzir-nos para as experiências e lições do século XIX português tivesse acrescentado algo como «O que, aliás, já acontecia no tempo de Fontes Pereira de Melo».
28 de junho de 2013
24 de junho de 2013
Quando Rui Tavares facilita numas coisas e complica noutras
O eurodeputado Rui Tavares, em entrevista ao «i», volta hoje a insistir na sua mais recente guitarrada, ou seja, a de que nem vale a pena discutir a saída do euro porque, segundo ele, para um país sair do euro seria preciso uma alteração dos Tratados e a sua (difícilima) ratificação por todos países da União Europeia, pelo que, também segundo ele, a única decisão que Portugal pode livremente tomar seria sair da União Europeia.
Ora, parece-me a mim que, a este respeito, há três coisas que Rui Tavares manifestamente esquece ou não conta:
1ª : que, se fosse caso disso, as situações de facto criadas pela vontade de um Estado podem ter mais força que a letra dos Tratados;
2ª: que, o pessoal da União Europeia, cujas artes jurídicas têm uma longuíssima tradição, como bem se viu quando desarrincaram soluções jurídicas para contornar o «não» em alguns referendos, certamente não deixariam de ajudar Portugal a arranjar um esquema ou escapatória qualquer;
E, sobretudo, 3ª : que Rui Tavares das muitas vezes em que andou a defender que os portugueses elegessem por sufrágio popular o chefe da REPER portuguesa em Bruxelas nunca se lembrou que para isso era preciso alterar a Constituição portuguesa e também das muitas vezes em que tem defendido que haja um Chefe de Governo europeu eleito directamente pelos cidadãos dos 27 países nunca se lembrou nem escreveu que, para isso, também os Tratados teriam de ser alterados e ratificados pelos Parlamentos dos 27 países da UE e que, em quase todos, seria preciso operar revisões das suas Constituições.
Chama-se a isto coerência de argumentação.
20 de junho de 2013
Explicação caridosa a um totó chamado João Miguel Tavares
Hoje, na última página do Público, o único clown político contratado para aquele espaço, de seu nome João Miguel Tavares, escandaliza-se por, numa sua fulgurante descoberta, ter encontrado na Net um texto da FENPROF que salienta que «o governo português aposta numa política de onde se destacam a redução do défice público, a privatização de serviços, uma forte ofensiva contra os direitos dos trabalhadores e a perversão dos próprios serviços públicos com a introdução de modelos ditos de gestão empresarial, bem como de lógicas de mercado que conduxiriam, a concretizar-se, à subversão do modelo constitucional e ao completo esvaziamento das funções sociais do Estado».
Depois de preparado o suspense, ele explica então aos leitores que este texto não de ontem ou anteontem mas sim de 2003 e mais à frente levanta uma extraordinária pergunta : «se o mundo é hoje radicalmente diferente, como é possível que as palavras de 2013 sejam iguais às de 2003?»
A esta pergunta só me possível responder opinando que João Miguel Tavares deve julgar que o mundo começou com a sua chegada à adolescência e que isso o impede de perceber que a política de direita e os seus objectivios fundamentais tem muito mais que 30 anos em Portugal e que não se pode pedir às palavras que tenham a mesma elasticidade quanto a ritmos e graus que ao longo do tempo têm marcado essa política. A não ser que J.M. Tavares ache que era dever dos opositores da política de direita em 2003, de cada vez que a criticassem, logo acrescentassem que «quem sabe se em 2013 não será ainda muito pior».
O pobre do João Miguel Tavares mostra ainda a sua admiração por em 2003 já se usar em Portugal o adjectivo «neoliberal».
E só há uma explicação para esta boca alarvemente aberta: é que J.M. T. soube usar a NET para encontrar um texto com 10 anos mas já não soube usar o Google para procurar o «neoliberalismo». Se otivesse feito, teria descoberto qualquer coisa a ver com o neoliberalismo na segunda metade da década de 70 no Chile de Pinochet, teria dado de caras com Milton Freedman e os «Chicago Boys» e teria revisitado as políticas de Thatcher e Reagan.
Mas a ignorância atrevida e o reaccionarismo furtaram-no a esses esclarecedores encontros, pelo que daquele teclado só podia sair, como saiu, dislate após dislate.
13 de junho de 2013
Palavra de Costa-Gravas e outros: Barroso é «um inimigo para a Europa»
Por cá, assolados que estamos todos os dias com novas agressões e ataques, ninguém parece estar a dar muita atenção à gravíssima questão dos acordos comerciais e das negociações para um novo tratado de comércio livre entre a UE e os EUA, incluindo as ameaças do fim da chamada «excepção cultural». Por issso mesmo, convém ler aqui no «Huffington Post» o manifesto de Costa-Gravas e outros três realizadores de cinema.
10 de junho de 2013
Condecorações do 10 de Junho - duas coisas em que reparei
Eu sei de grandes universitários que nunca receberam nenhuma mas o notável historiador Rui Ramos já tem uma:
O militar de Abril Carlos Beato e o jornalista João Paulo Diniz é claro que merecem a Ordem da Liberdade mas, como só dois cidadãos a receberam este ano, palpita-me que é porque todos os mais destacados combatentes pela liberdade já a receberam e já escasseia o campo de escolhas...
7 de junho de 2013
CDS: quando chegar aos 5% talvez atire a toalha para o ringue
Última sondagem do «Expresso»:
Deste nada há a esperar porque já não pode ser reeleito mas...
... estes, se chegarem um bocadinho mais abaixo, talvez deitem contas à vida.
1 de junho de 2013
Perder ao fim de uma greve de 10 anos é perder ou ganhar ?
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