9 de fevereiro de 2011

Ferreira Fernandes acha que os Deolinda são uns chorões e eu acho que ele é parvo



Em crónica hoje publicada no DN, e logo emocionadamente linkada por Fernanda Câncio no «jugular», o jornalista Ferreira Fernandes baba-se positivamente todo com a história da corajosa senhora de Northampton, Reino Unido  - Ann Timson - uma septuagenário que, face a um assalto a uma ourivesaria, fez frente sozinha aos assaltantes e os pôs em debandada. Só lhe faltou parafrasear o J.F. Kennedy sentenciando «não perguntes o que a tua rua pode fazer por ti, pergunta antes o que podes fazer pela tua rua».

Até aqui tudo bem, nada de mal que se registe ou louve a intrépida e porventura pouco comum atitude da querida septuagenária, eu não escreveria este post mesmo que, por absurdo, Ferreira Fernandes até fosse, caso extremo, um defensor dos métodos do famoso Dirty Harry in illo tempore protagonizado pelo Clint Eastwood.

Onde a porca torce o rabo e, mais  do que dar para desconfiar dá para perceber, é que Ferreira Fernandes tenha dado a esta crónica o título de «Vale mais que o choro dos Deolinda».Temos então que para este insigne jornalista, por sinal mais um que há trinta e tal anos era um impetuoso «revolucionário», a nova canção dos Deolinda é um  choradinho enquanto  a septuagenária inglesa essa não espera por novas e mandados, passa logo à acção usando o saco de compras como arma.

Não sei se Ferreira Fernandes terá medido bem o alcance da sua crónica e da conjugação com o título que lhe deu. Temo mesmo que o que ele tenha vindo involuntariamente sugerir é que 
está na hora de a geração de roubados e assaltados retratada na canção dos Deolinda passar a usar dos métodos da srª Timson contra os que os roubam e espoliam.

Mas aí talvez a crónica de Ferreira Fernandes já fosse outra...