27 de janeiro de 2012

E é sempre a mesma cassete sobre a CGTP

Deixando aqui bem expresso o meu apreço e reconhecimento pelo trabalho de Manuel Carvalho da Silva durante 25 anos à frente da CGTP, e bem assim  de todos os outros dirigentes que agora cessam funções, não posso deixar de estampar aqui alguns breves desabafos sobre coisas que vou lendo em torno do XII Congresso da CGTP e que, no essencial, fazem parte de uma vetusta cassete. A saber :

1. Entre generalizados elogios (nem todos sinceros porque alguns de mera conveniência) a Carvalho da Silva, vejo frequentes referências a um «endurecimento» da CGTP com  a previsível eleição de Arménio Carlos. Mas, como eu não tenho idade para isso, conta-me o senhor meu pai que há 25 anos a eleição de Carvalho da Silva não foi assim tão celebrada por muitos dos que agora assim falam e que, na época, preferiam mesmo a eleição de José Luís Judas, o que admitiu a extinção dos sindicatos por volta de 2000 (estamos em 2012) e que foi para onde se sabe.

2. Nestes últimos dias, de cada vez que a comunicação social fala de Arménio Carlos vem logo a referência a que é membro do Comité Central do PCP, não sabendo eu se por detrás está a ideia antidemocrática de que ser sindicalista implica uma «capitis diminutio» quanto aos direitos políticos de qualquer cidadão, incluindo o de ser dirigente de um partido. De qualquer modo, registo que nos últimos dias, o nome de João Proença se fartou de ser falado e não vi uma única referência a que, desde há décadas, é normalmente membro da Comisssão Política ou Comissão Nacional do PS.

3. Por fim, não posso deixar de registar, sempre com renovado espanto, que, como em Congressos anteriores, as «correntes minoritárias» se venham queixar do método de eleição do Conselho Nacional da CGTP quando qualquer pessoa minimamente conhecedora do movimento sindical unitário sabe que é esse método (de negociação política) que tem garantido a essas correntes uma expressão nos órgãos dirigentes bastante superior à que teriam por um sistema de correspondência directa e proporcional à influência que têm no movimento sindical.

E, pronto, longa vida e muitos êxitos à CGTP, a grande central sindical dos trabalhadores portugueses e, como bem lembrou recentemente Carvalho da Silva, importante força  na conquista e construção da democracia portuguesa.

14 de janeiro de 2012